segunda-feira, 16 de novembro de 2009

No ônibus


Parece engraçado, no entanto não existe nada mais reflexivo do que o cotidiano, do que esse proceso monótono que chamamos de dia-a-dia. Porém quando este mesmo cotidiano se altera de maneira inesperada surgem as reflexões ainda mais profundas, subjugando a banalidade impregnada de nossas relações, ontem mesmo um desses incomuns incidentes transformou a minha rotina...
Voltava de uma feira cultural com um colega, depois de horas na parada, conseguimos apanhar um ônibus lotado, felizmente conseguimos subir e passar a roleta antes que os outros passageiros trogloditas o fizessem,ainda assim ficamos estagnados no meio do fatídico veículo e mesmo com muito esforço não andamos nem mais um passo.
Foi então que senti de leve uma mão no meu bolso, o polegar opositor e seus companheiros pertenciam a um garoto da minha idade, chapéu reto, camisa da Nike (falsificada), bermuda de time europeu (comprada no camelô), longe de minha índole julgar alguém pela aparência, mas a mão no meu bolso não deixava dúvidas.
Então um grito ecoou da parte da frente do ônibus, "ladrão, devolve meu celular!" dizia um dos vociferantes passageiros, todavia não era do meu ladrão que falavam, ele por sinal retirou a mão leve do meu bolso, era um outro ladrão.
Os passageiros urravam "espanca, vamos espancar ele!" era a maior confusão, e eu calado só pensando na minha sorte "dois no mesmo ônibus", e o irônico é que moleque que ia me roubar a alguns minutos atrás se juntou ao coro com um comovente "lugar de bandido é na cadeia", só não desatei a rir porque o sarcasmo não é tão forte quanto o medo.
Enfim, paramos em uma delegacia próxima e o bandido do celular foi preso, no entanto o meu "amigo de chapéu reto" foi sorrindo para casa agradecendo por não ter lhe sucedido o mesmo, eu porém me senti o mais "feliz" de todos os passageiros, "feliz" por um dia incomum em um ônibus lotado, um passeio "divertido" em ótima companhia, porém o triste é saber que esses dias estão se tornando cada vez mas repetitivos e rotineiros, incomum agora é ir tranquilo para casa.

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